sábado, 20 de fevereiro de 2010

60% dos brasileiros com perda auditiva não foram diagnosticados

Mais de 15 milhões de brasileiros sofrem de perda auditiva. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 278 milhões de pessoas no mundo sofram de moderada à profunda surdez, de acordo com dados censitários de 2005. Dessas, 80% moram em países em desenvolvimento.

No Brasil, uma atitude dos doentes agrava a situação. Por medo de discriminação, vergonha de não entender o que as pessoas falam, além da falta de informação, a pessoa surda começa a se afastar dos outros. Sendo assim, cerca de 60% dos surdos não procuram um médico para tratamento.

A Sociedade Brasileira de Otologia calcula que 30 a 35% das perdas de audição são creditadas à exposição a sons intensos, sejam eles em ambiente profissional ou durante o lazer – traumas acústico causados principalmente por aparelhos eletrônicos.

Viktor Yang possui uma produtora de eventos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Diariamente, ele organiza festas onde apenas uma das caixas de som têm a potência de 400 W rms (125 decibéis) . Mesmo quando não está trabalhando, Viktor não consegue ficar no silêncio: “Seria o fim.Eu vivo com música”.

O aconselhavel é nunca ultrapassar 85 decibéis de som em um turno de 8 horas.

A perda auditiva induzida por rúido (PAIR) é muito comum entre os trabalhadores de aeroportos, industriários e policias. Entretanto,aviões, máquinas e disparos nào monopolizam a escala de sons acima do desejável ao ouvido humano. De acordo com o instituto de saúde Viva Melhor, a maioria das atividades econômicas estão no nível de risco, causando prejuízo as empresas e a seus colaboradores.

O problema de surdez pode ser detectado nas 3 partes da ouvido: externo, médio e interno. O mais grave dos casos interfere na conexão direta com o cérebro e é irremediável. A maioria pode ser prevenida com a rápida detecção da falha auditiva ou com aparelhos amplificadores. Os primeiros sinais de surdez encontram-se no zumbido que não abandona a pessoa. A audição torna-se fraca e chiados atrapalham o discernimento das palavras.

Já a surdez congênita, problema de deficiência gênético, é silenciosa. Os bebês não demostra sinais de anormalidade auditiva, mas podem ser surdos. Medidas importantes para identificação na infância são, por exemplo, o teste da orelhinha.. Prematuridade, baixo peso e drogas utilizadas na gestação são causa de 50% dos problemas auditivos, a outra metade é derivada de má formação genética. Três a cada mil crianças nascidas tem problema de audição. O indice é mais alto do que a incidência de hipertireóidismo encontrado no teste do pézinho, mais aplicado e divulgado nas maternidades, onde 3 crianças a cada 10.000 sofrem da anomalia.

Na terceira idade, a situação se agrava. Além de todos os conflitos existências típicos dessa etapa da vida, a depressão e o stress se acentuam pelo esforço de entendimento. Os médicos aconselham, regularmente, o check-up pelos seguintes exames:

Audiometria Tonal
Audiometria Vocal
Impedanciometria

Ciente da repercussão da causa, A OMS estabeleceu como meta prevenir 50% das doenças auditivas até 2010. Grupos de voluntários viajam ao redor do mundo levando informações e diagnosticando pacientes gratuitamente, pelo programa Primary Ear and Hearing Care.

No dia 10 de novembro, foi criado o dia Nacional de Combate e Prevenção à Surdez. Em todo o Brasil, ocorreram passeatas e campanhas de diagnoses. Acompanhe no Twitter #combateasurdez

“Cada vez mais a exposição aos decibéis é elevadissima”, explica o otorrinolaringologista Eduardo Rossetto Bittencourt. ” É necessário manter uma alimentação saúdavel e evitar ambientes barulhentos”, Bittencourt afirma que a comida funciona como a balança para o corpo, os nutrientes adquiridos também amenizam a sucessibilidade a doença.

Entrar na justiça contra o barulho pode não ser a solução. De acordo com a promotora de justiça Ana Maria Moreira Marchesan, a legislação sobre poluição sonora não é unificada e os termos que a compõe são “dissonantes”. Assim, alguém que reclama de excesso de ruído cotidiano encontra díficuldades de defesa . Apenas casos pontuais podem ser recorridos pela legislação municipal, como exposição a bares noturnos e horário de silêncio em bairros.

O ideal é procurar a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e efetuar a denúncia.

Casas de conserto podem desaparecer da cidade

Facilidade de crédito, compras a prazo com juros baixos e redução de impostos sobre produtos novos. São muitas as vantagens e meios de comprar bens de consumo no comércio varejista. Com a competitividade desleal deste mercado superaquecido, as casas de conserto de produtos usados começam a desaparecer das cidades. Os microempreendedores preferem abrir filiais de marcas conhecidas ou revender produtos com o aporte de grandes organizações. A qualificação nesse mercado chega com apoio de cursos preparatórios gratuitos e dicas dos setores mais lucrativos para investir com baixo capital.

Na Zona Sul de Porto Alegre, entretanto, ainda é comum encontrar casas de conserto. Em um mercado ditado pela inovação e consumo descartável, tudo ainda pode virar novo com pequenos ajustes nas mãos de artesãos. Estofados, sapatos e aparelhos eletroeletrônicos são renovados em locais especializados. A maioria das pessoas mantém o empreendimento da família, oficio passado por gerações. Os entrevistados pelo Famecos Online 1 afirmam continuar no ramo por falta de opção e relatam as dificuldades do negócio.

Na época do natal, diferentemente do comércio de rua, o movimento cai. Ruth Vargas, dona de uma estofaria, diz ter perdido dois funcionários no mês de novembro. Por pagar salários baixos, os ajudantes preferiram trabalhar com contratos temporários em lojas populares no centro da cidade. “A comissão atrai as pessoas para o trabalho de fim de ano, a barriga fala mais alto”, afirma. Na Sapataria 71 da rua Nonoai, bairro Nonoai, Jefferson Sampaio, 16 anos, diz que os preço dos ajustes mal cobrem o custo do material e, muitas vezes, a loja precisa arcar com a dívida de arrumar um produto e o cliente não ir retirá-lo: ” A gente guarda o sapato por alguns anos, mas quando não cabe mais no estoque, vende por um preço baixo ou da para os necessitados”.

Confira quatro histórias de pessoas que trabalham com conserto na Capital, nos drops das Histórias em Conserto:

http://www.youtube.com/watch?v=dGCQwADwIK8&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/user/chimastropy#p/a/u/1/vz40vipU6sI

http://www.youtube.com/watch?v=7RRzUOqP-zM

http://www.youtube.com/watch?v=cot8VNFFi2w



http://trasel.com.br/online1/?p=2285

Economia brasileira comemora 30 anos da Selic

A Selic completa 30 anos de existência em novembro de 2009. Entre altos e baixos – muito mais altas do que baixas- o sistema de padronização econômica controla a atividade das taxas de juros do país. Mas esse controle é efetivo para os brasileiros? Aqui você entende os mitos e fatos da porcentagem econômica mais visada do Brasil.


Queda abrupta da taxa de juros manterá 2010 com índices estáveis

Os analistas esperam que haja crescimento positivo da economia brasileira esse ano, mesmo depois de todo o fervor causado pela crise econômica mundial. Ano que vem, algo próximo de 5% indicará a taxa do PIB brasileiro. A pergunta central nessa balança de preços é: Como manter as finanças de um país estável com o livre mercado?

A resposta, encontrada atualmente pelo Bancos Central brasileiro, provêem de uma corrente de estudos chamada de novo keynesianismo, política econômica que rele Keynes. Eles acreditam na possibilidade de estimular a economia com política monetária (baixando a taxa de juros)no curto prazo. “Se o Banco Central tivesse que baixar, baixaria agora. Ele tem um modelo que aponta a Selic de equilíbrio e provavelmente dado a nossa estrutura de gastos (política fiscal), 8.75% deve estar bem próximo da Selic mínima necessária para equlibrar a economia sem pressões inflacionárias.”, explica o economista Rafael Ihara.

Para o Brasil, juros baixos são considerados uma mudança radical, mas ainda estão longe dos valores dos países desenvolvidos- como a Inglaterra com taxa de 0,5%. Manter-se perto de 8,5% durante um ano é uma previsão histórico nunca antes tão baixa e estável.

Entretanto, ao longo prazo, os preços sobem (inflação) e o produto volta ao preço potencial mesmo com a retenção de juros. Para isso, quem ajuda é a capacidade ociosa da industria no país. Por mais que a demanda cresça, as empresas não precisam aumentar seus preços porque estão com máquinas paradas, podem produzir mais.

SELIC controla sistema monetário do Brasil

A sigla Selic significa Sistema de Liquidação de Custódia e nasceu de um plano criado em novembro de 1969, com a função de agilizar o registro do destino dos títulos públicos – quem vende e quem compra – e quanto dinheiro está envolvido nas transações, como uma caderneta eletrônica de dívidas do mercado financeiro. O sistema é gerido pelo Banco Central do Brasil e operado juntamente com a Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), em seu centro operacional no Rio de Janeiro.

A taxa Selic surgiu em 1999 e representa a porcentagem de uma média anual dos juros na transação dos papéis públicos. A escolha pelos títulos do Tesouro Nacional como valor básico para a economia se deu porque, teoricamente, são os de rentabilidade mais segura. Diferente de ações de mercado, que dependem do desempenho das empresas para dar lucros e variam de valor, os títulos públicos sempre terão o subsídio do governo. Isso se o país possuir uma estabilidade econômica e uma responsabilidade com os seus compradores. Antes da crise, o Brasil demonstrou ter uma economia controlada, em grande parte pela estagnação dos juros em um alto patamar, o que evitou o crescimento sem limites.

Como comparação, cabe recordar que os Estados Unidos não contavam com mecanismo semelhante. Com a ausência de um real diagnóstico do crescimento do próprio país, emitiram títulos podres no seu banco central (o Federal Reserve), e isso foi um dos fatores para a crise.

O Banco Central do Brasil vende os títulos públicos – papéis que arrecadam de verbas à federação – para diversos bancos. Por bancos podemos compreender todas as instituições financeiras que os compram e vendem títulos: além do Tesouro Nacional e do Banco Central do Brasil, bancos comerciais, bancos de investimento e múltiplos, caixas econômicas, distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários e fundos de investimento. Esse bancos são os intermediários da venda do título ao cliente, o cidadão é unidade do processo. Ele custeia os investimentos através de CDBs (papel acionário do governo), Renda Fixa entre outros.

A equação para calcular os juros básicos depende de diversos fatores. Entretanto, a relação com a inflação é primordial. Quando o problema da inflação é excesso de demanda – as pessoas estão consumindo demais, os empreendedores estão investindo demais- é necessário controlar a inflação com taxa de juros, o que estanca o crescimento. Uma demanda muito alta acarreta queda do poder de compra, ou seja, compra-se muito menos, pois o valor dos produtos fica muito alto – assim, quem controla os valores é o mercado e a moeda se desvaloriza.

Conjuntura econômica depende das decisões do Copom

A cada 45 dias, a portas fechadas, o Comitê de Política Monetária (Copom) – formado por diretores do Banco Central – divulga os novos números. A primeira queda que tendeu a uma casa decimal foi em maio deste ano. “A taxa Selic caiu 1 ponto percentual. 10,25%”, afirmou presidente do Banco Central Henrique Meirelles à imprensa na última reunião. Fernando Ferrari, professor de economia da UFRGS, reflete sobre as decisões do COPOM: “De 2001 até final de 2007 eles elevaram a taxa de juros básica abruptamente. Foi muito letárgico pra reduzir por medo da inflação.”

Alguns especuladores afirmavam que, com a crise, no último trimestre do ano a taxa ficaria em apenas uma casa, aproximadamente 9,25%. E ela baixou mais. O efeito da queda da taxa Selic funciona em um sistema de cadeia indireta. Ela tem força para diminuir dívidas ou aumentar lucros, mas o bolso do consumidor pode ou não ser afetado diretamente. Depende das especulações e do momento econômico que o país está vivendo como um todo.

Selic não é a única pauta do Copom. O comitê dos diretores – da área financeira, de conjuntura econômica, da conjuntura comunitária- se reúnem oito vezes ao ano para saber como está a economia em âmbito nacional e internacional, a partir de indicadores. A inflação, por exemplo, é discutida através de diversos fatores: o IPCA( índice de preços ao consumidor que avalia o custo de vida do brasileiro), o índice de atacado da Getulio Vargas, o custo de vida de São Paulo, indicadores macroeconômicos de produção industrial e emprego. Esses refletem a probabilidade da inflação estourar. Comparando os índices, o banco central decide se vai diminuir a taxa de juros. Ele filtra as informações e decide as mudanças apartir desses pontos.

Bancos e clientes sentem juros básicos em transações financeiras

Se alguém compra um CDB (papel acionário do governo) através do Bradesco, está injetando dinheiro no Bradesco. Assim o banco terá mais dinheiro para investir no consumidor e há uma possibilidade de diminuir o valor dos empréstimos a terceiros. Rafael Azevedo é gerente do banco HSBC e explica que a diminuição do valor da Selic não acarreta, obrigatoriamente, na diminuição dos juros repassados aos clientes dos bancos. “O valor dos serviços prestados pelo banco dependem de diversos fatores, um dos mais relevantes é a inadimplência.”. O país possui altíssimo índice de inadimplência, o que torna os juros altos. Os bancos exigem demais para garantir que as dívidas serão liquidadas. O brasileiro, de acordo com o Serasa, aumentou em 23% as dividas que não pagou no período de março comparado com fevereiro desse ano. Isso se deve principalmente à perda de empregos com a desaceleração da indústria. Os cheques que deveriam cair no fim do mês chegam aos credores sem fundos.

O valor proposto dos juros ao cliente dos bancos é diferente da taxa de juros básica do Banco Central. Essa diferença se chama SPREAD bancário e é a forma que a instituição encontra para custear a manutenção dos seus serviços e obter lucros. No SPREAD, encontramos uma porcentagem destinada a impostos, outra para assegurar o pagamento- taxa de inadimplência, custos administrativos e custo de captação de recursos. O gerente Azevedo diz que a queda de taxa básica de juros é eficaz em países com mercados sólidos, pois os bancos possuem menos taxas de serviço e o cliente é um pagador confiável.

Guido Mantega, atual Ministro da Fazenda, é em teoria, quem controla o sistema inflacionário. Entretanto, o ministro e o presidente, Luis Inácio Lula da Silva, apoiam plenamente as atitudes conservadoras do BCB, sem interferir no processo.
Luis Grohman, cientista político da UFRGS, explica que a separação firmada entre os campos político e o econômico é uma forma de legitimação de poder que surgiu com o liberalismo. “Henrique Meirelles oferece governabilidade a Lula e este, por sua vez, não mexe na estrutura econômica dominante no país“, uma forma de manter o status quo brasileiro. De direito, a onipotência do Banco Central do Brasil não é correta. “Na constituição não poderia ter essa independência, o mecanismo de controle seria a avaliação do Poder Executivo”, diz a advogada Sonia Maria Machado.

Renato Abraão é integrante da comissão de cavalaria do Jockey Club do Rio Grande do Sul. Ele diz que sempre investiu em títulos públicos e lembra com pesar da época pré-Selic. “Investir em títulos com o TCB (Taxa Básica do Banco Central de 1996/99)como corretor de juros era uma loucura!’’ Os valores variavam muito mais e o lucro era imprevisível. A partir de 5 de março de 1999, a taxa Selic surgiu como chave para fins de controle de política monetária brasileira.


publicado originamente em:http://trasel.com.br/online1/?p=298

sábado, 23 de janeiro de 2010

Pucrs abraça produção de bicombustível

O projeto Social Eco-Óleo, iniciativa dos mestrandos de química da Pucrs (PET-Quimica) com o Centro Social Marista (Cesmar) e a prefeitura de Porto Alegre, trabalha na transformação de óleo de cozinha em biodiesel, combustível renovável derivado de óleos vegetais, e está em fase de implementação. Uma mini-usina com capacidade de 800 litros de produção diária foi instalada no bairro Mario Quintana, gerando renda e inclusão a comunidade da vila Timbaúva. A iniciativa busca abranger toda a sociedade e beneficiar não somente o meio ambiente como também promover solidariedade e conscientização.

Durante entrevista coletiva para a cadeira de jornalismo especializado da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da Pucrs, Ronaldo Silvestre da Costa, coordenador e mentor do projeto, exemplificou os desafios e abrangências do investimento. Idealizado desde 2008 com a elaboração de uma monografia para a faculdade de química, o projeto ficou em fase experimentação em laboratório por seis meses até a parceria com a RSBIO, empresa que disponibilizou o espaço físico para o processamento. “Não estamos só transformando o produto, mas sim criando uma rede de educação ambiental”, diz o pesquisador. O consumidor final é a Secretaria de Meio Ambiente (SMAM), que utilizará o combustível renovável na sua frota de veículos.

O óleo proveniente das frituras é recolhido em postos de coletas da universidade, escolas e restaurantes e utilizado na produção do biodiesel. Cada litro do produto doado por moradores da vila é trocado por uma moeda solidária, espécime que da direito a adquirir matérias de limpeza e produtos. Através de um processo chamado de transesterifiação, as moléculas de carbono são separadas em glicerol e glicerina, a primeira fonte de energia e a segunda matéria prima do sabão. Por lei,2% desses glicerol processado já são adicionados ao diesel em postos de gasolina – chamado de B2- e até 2013, estima-se que por lei 5% precisarão ser complementados. Entretanto, a indústria do Cesmar não tem fins comerciais.

A reutilização dessas oleaginosas industriais gera um benefício aos mananciais. Estima-se que cada litro de óleo despejado nos rios polui 1000 litros de água. As tubulações da esgoto também são prejudicadas drasticamente com o derrame do resíduo, causando entupimento e corrosão dos canos. O resíduo da fritura, a camada preta que sobra no cozimento dos alimentos, pode ser usado como adubo e ração animal, como ensinam os participantes do Eco-Óleo.

A faculdade de Farmácia da Pucrs investe na reformulação da glicerina- parte do composto não utilizado no combustível – para a produção de sabão e sabonetes. Se toda a universidade contribuir com o projeto, mais de 16 mil litros mensais de combustível serão produzidos.

Plano Real completa 15 anos com moeda estável

Nenhum país consegue encontrar espaço significativo na macroeconômica sem ter uma moeda forte para transações. A inflação corrói o Estado e impede investimentos. Uma população com o dinheiro confiscado não financia a sociedade. Todas essas máximas econômicas foram amplamente debatidas e geraram o plano Real em 1994. Atualmente, a moeda se depara com novos desafios, como desvalorização cambial e uma possível fusão com o Mercosul.

O sociólogo Fernando Henrique Cardoso em 1993, então ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, encaminhou à presidência estudos realizados pela PUC do Rio de Janeiro visando mudanças no setor público, privado e monetário. Tal ato lhe rendeu o mandato de chefe de estado nas eleições seguintes além de significativo crescimento econômico no país. “Não existe nenhum movimento na economia que não seja norteado pela política”, afirma a historiadora Maria José Barreras. De acordo com a mesma, isso não significa que desmereça os atos. Afinal, as medidas provisórias 434- 457 que propiciaram a transição do URV -mecanismo para uniformização de preços e contratos- para o Real foram bem sucedidas.

Quando existe muita inflação, o poder de compra cai. O empresário não consegue investir, a família não retém dinheiro e as contas governamentais ficam fora do controle. No momento em que o plano foi encaminhado, a inflação baixou de 47%, em maio de 1994 para 6,8% no mês em julho ( DE QUE ANO?), de acordo com dados do IBGE. Ela ficou ao longo do mesmo ano (QUE ANO?) no patamar de 3% e prevê-se o fechamento de 4,5% no ano de 2009.

O Real deve enfrentar um novo cenário com o crescimento dos países emergentes. Há uma expectativa que em 2050 o Yuan, moeda chinesa, seja a moeda de troca internacional. O deslocamento do consumo e DA produção para os PAÍSES DO BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China) revigora as transações dos emergentes dependentes do dólar. “Os países europeus ainda não aceitam o Real, talvez esse preconceito ainda precise seja quebrado com o crescimento”, afirma Alfredo Meneguetti, economista da economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE).

O pacote de medidas monetárias controlou a hiperinflação brasileira dos anos 90 e mantém-se em vigor após três governos

O Mercosul caminha para uma união completa, inclusive monetária . Entretanto, os entraves culturais, estruturais e políticos dos países membros ainda o restringem a uma união aduaneira. “A União Européia só conseguiu a moeda única após 50 anos, o Mercosul nasceu em 19 91 e ainda tem muito a aprender”, diz o economista Meneguetti. O Brasil já faz trocas com a Argentina nas moedas locais satisfatoriamente.

Crescimento que não traduz desenvolvimento. Apesar da austeridade fiscal, desindexação e do controle monetário serem aplicados com o plano, a distribuição de renda no país não condiz aos avanços do poder do Real. A acumulação de capital nos fundo particular, os altos juros gerados por financiamentos internacionais além das medidas assistencialistas à pobreza, impediram o país de conceber um plano – realmente - estruturante.

Gripe suína ensina a gerenciar crise

O assessor de imprensa da Secretária Estadual da Saúde, Paulo Burd, palestrou nesta terça-feira, 24, sobre os desafios enfrentados na divulgação de noticias relacionada à gripe A H1N1, gripe suína, no surto deste inverno. Como porta-voz de comunicação do Secretário da Saúde, Osmar Terra, Burd revelou aos estudantes de jornalismo da cadeira de Assessoria de Imprensa da Famecos a importância da organização e transparência nas informações para a gestão de crise.

O desconhecimento dos efeitos do vírus H1N1 e a possibilidade de mutação do mesmo tornou a gripe suína manchete diária na imprensa. O número de casos no Rio Grande do Sul alarmou com 201 mortes, mesmo que o valor não ultrapassasse os 687 óbitos por gripe convencional no mesmo período de julho do ano passado.

A primeira medida do assessor na crise foi escolher três pessoas do órgão da saúde para centralizar o discurso sobre o caso: Francisco Paz, diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, e dois epidemiologistas foram entrevistados pelos veículos de comunicação. Estruturalmente, uma mesa em forma de “U” para coletivas semanais foi montadas na secretaria. Erros de gestão no começo do surto, como agendar coletivas às 10 horas da manhã, em sábados ou em locais variados, dificultaram a comunicação: “O jornalista nunca lê o release até o final, é preciso ser objetivo para alcançar resultados com a mídia”.

Boletins diários foram preparados para rádio e tv. Os veículos reclamavam da morosidade de divulgação das informações, geralmente disponíveis no final da tarde. O assessor comenta que a estrutura da secretaria não facilitou a coleta de dados. Dividido em 19 coordenadorias regionais (CRS), a informação passa por diversos tramites até a centralização na sede em Porto Alegre. “Nessa hora, o sangue frio, boa equipe de apoio e o acesso às fontes internas são essenciais”, ressalta.

Muitas vezes, os próprios médicos denunciavam à imprensa a falta de material de higiene nos postos de atendimento e os riscos de epidemia por má qualificação. Burd afirma que as reclamações ajudaram a solucionar os problemas e nada pode ser “abafado” pela assessoria: “Faz parte do jogo o contraditório, assim tomamos medidas para melhorar as condições de trabalho de todos. O importante é jogar limpo com a imprensa e estar disponível”.

Atualmente, com a possibilidade da segunda crise, a Saúde reúne-se mensalmente com pessoas que possam ajudar a gerir o surto iminente. Diretores de hospitais, o Conselho de Medicina além de uma assessoria jurídica, trabalham em conjunto para elaborar ações preventivas. Seis milhões de doses de Tamiflu, remédio utilizado para combater o H1N1, serão utilizados.

A gripe suína reforçou ao assessor a importância da informação apurada. Para os jornalistas, ele aconselha nunca deixar de entender o contexto da matéria, no caso da saúde, visitando sites como da Organização Mudial da Saúde (OMS) Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), antes de jorrar informações que comprometem vidas humanas. Burd sintetiza a relação do jornalista com o assessor com uma metáfora que deixa claro a diferença entre fornecer e exigir informação: “Uma coisa é tomar o chopp no bar, outra é servir o chopp. É importante respeitar quem fica atrás do balcão”. O profissional da comunicação organizacional precisa ter claro o que a etimologia da sua nomenclatura expressa, o assessor é de imprensa e não da imprensa.

Assessoria de Imprensa é desmistificada com visita de profissionais

Compromisso com a verdade e contextualização. Lemas proferidos pelas assessoras de imprensa Cátia Bandeira, Patrícia Comunello e Gládis Berlato durante a aula-exposição da terça-feira, 25, na cadeira de Assessoria de Imprensa da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS.

Com o intuito de aproximar os alunos dos valores e desafios diários de um profissional da área, as convidadas contaram experiências e esclareceram dúvidas sobre a atividade. “O trabalho de assessor não se distingue das características que fundamentam o jornalista de redação”, ressalta Gladis Berlato. Ela afirma a necessidade de estar bem informado e entender a conjuntura que abrange a informação para torná-la notícia. Gladis tem 30 anos de mercado e possui seu próprio9 negócio - Froes & Berlato Associados - que atende clientes empresariais em âmbito nacional e internacional.

Cátia Bandeira, proprietária da BH Comunicações, relata ter passado 15 anos em redação de jornal, e com isso, aprendido a respeitar e entender a demanda do seu público alvo como assessora: “O jornalista tem tempo para o fechamento do jornal, interesses específicos e quer tudo com agilidade e facilidade. É preciso tratá-lo como gostaríamos de ser tratados”.

A epidemia do vírus H1N1 foi um laboratório reverso de assessoria de imprensa. Patrícia Comunello é assessora do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers). Ela defende que, ao gerenciar uma crise, deve-se escolher não só o momento, mas também a informação cabível para a divulgação do fato. “Passamos meses divulgando a necessidade de equipar os hospitais, mobilizando a imprensa para a necessidade de preparação, mas só foi noticiado o desastre quando consumado”. O assessor deve zelar pela imagem do seu produto e prever conseqüências.

Cada vez mais é preciso entender que não há restrições nas tarefas do profissional de comunicação. Quem tem sensibilidade e humildade, consegue fazer um bom trabalho. “Não é vergonha nenhuma servir cafezinho, é uma gentileza”, diz Cátia. Afinal, Tão difícil quanto prospectar os clientes é mantê-los.

Literatura viva na Feira do Livro 2009

Chapeuzinho vermelho confessou preferir ser devorada pelo lobo a ser confinada às páginas da fábula. Durante as duas semanas da 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, o público pode assistir as emoções das histórias através de 46 peças encenadas. As obras, majoritariamente infanto-juvenis, mantiveram os quatro armazéns do Cais do Porto lotados diariamente.

Apesar de o evento ocorrer em outubro, a parceria com as companhias de teatro começa em janeiro . O objetivo é mostrar para os gaúchos o cenário cultural da cidade em um espaço centralizado e de fácil acesso. Para citar algumas, Ameixa Fúscia Companhia Teatral, Companhia Espectral de Teatro e Companhia Alarde de Teatro participaram da feira relendo textos literários além de popularizar as peças autorais. O diretor da Oigalê Cooperativa de Atores, Hamilton Leite, apresentou a peça “Era uma vez uma fábula assombrosa”. O texto de Claudius Ceccon convida a pensar se queremos o progresso cheio de poluição e sujeira da atualidade. A plateia reflete sobre o tema com a ajuda de muita fumaça proveniente de combustão de óleos durante as cenas.Todos os sons do espetáculo são feitos ao vivo de acordo com a sensação do público, uma mistura da interatividade dos instrumentos com o canto e grito da platéia. O teatro é um mundo de sensações”, afirma Hamilton, há 10 anos na Oigalê. A montagem continua em cartaz durante o ano no Teatro de Arena.

. A coordenadora do Teatro Sancho Pança, espaço montado para receber peças voltadas à grupos escolares no Armazém B do Cais do Porto, Isabel Queiroz, explica que para assistir ao evento, as instituições de ensino devem se inscrever em março. “O importante de linkar o teatro com a literatura é mostrar às crianças, de uma forma lúdica, como a história pode se transformar e como elas também podem contar histórias”, acredita Isabel. Para ela, todas as formas de expressão são pontes para que os jovens continuem buscando a leitura.

Os holofotes da feira não foram exclusivos dos atores. O projeto Autor no Palco trouxe 17 escritores e ilustradores para o contato com estudantes. As escolas trabalharam as obras dos homenageados até a data do encontro, quando é aberto o espaço para debate. O patrono, Carlos Urbim, participou da sabatina e frisou que dar assas a imaginação independe da plataforma: “Saber contar uma boa história é o que importa. Eu quero contar que sai minhoquinhas de geléia dos buraquinhos da bolacha Maria e ver todo mundo rindo!”

Projeto de identificação civil única não sai por conflito de poder

O Registro de Identidade Único (RIC), projeto que visa reunir identidade, CPF, título de eleitor e outros documentos do cidadão sob um único número, foi decretado como lei há 12 anos, mas não tem previsão de implementação. A Polícia Federal e os Institutos de Identificação não entraram em comum acordo sobre qual órgão se responsabilizará pela armazenagem do banco de dados e a emissão do documento.

A Polícia Federal divulgou que o ano de 2009 seria piloto para a emissão de um cartão eletrônico com chip contendo todas as informações dos brasileiros. Vinte milhões de pessoas seriam englobadas anualmente pelo programa. O registro se daria através de um sistema biométrico avançado onde, inicialmente, seriam cadastrados todos os documentos do indivíduo. O RIC seria suficiente para o fornecimento de informações às instituições públicas e privadas. A justificativa para o investimento em cartões de policarbonato e no sistema integrado digital é a impossibilidade de clonagem e falsidade ideológica. O sistema atual permite que cada cidadão retire uma carteira de identidade em cada uma das unidades da federação com números diferentes e válidos. Além dessa problemática, alguns estados não possuem banco de dados biométrico e não realizam a pesquisa das impressões digitais para verificar se o indivíduo já possui registro.

Legalmente, o projeto aguarda aprovação da minuta do Decreto que se encontra no Gabinete da Casa Civil, o qual visa regulamentar a Lei 9454/97 e institui o número RIC. Porém, como explica o assessor de imprensa do Instituto Nacional de Identificação da Polícia Federal de Brasília, Marcos Elias, o projeto já tem caminhado com para diversos convênios com outros órgãos: “O nosso principal parceiro é o TSE que tem previsão de recadastrar todo o eleitorado, cerca de 130 milhões, até 2014. No ano passado foram recadastrados 42 mil eleitores, como piloto, e nesse ano há previsão de 4 milhões.”

O presidente da Associação Nacional de Diretores de Institutos de Identificação (Andi), Luis Oliveira, diretor do Instituto Geral de Perícias da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, afirma que não houve uma consulta com os institutos, por parte da Polícia Federal, e que o projeto atual é precipitado e tira a autonomia dos estados. Para ele, estes viram meros espelhos de um banco de dados de Brasília. “Nós propomos um novo projeto que interligue as capitais é não que vá contra a lógica das peculiaridades de cada um. Precisamos que nossas necessidades técnicas sejam amparadas”, afirma ao dizer da disparidade dos sistemas estaduais. Oliveira frisa que o Rio Grande do Sul já possui um sistema eficiente de identificação digital: “A cédula de papel tem um custo de dois reais para fabricação, o cartão vale 12 dólares, são coisas que não cabem no bolso do contribuinte.” O custo real de um cartão com certificação eletrônica estaria em torno de R$150,00.

Os órgãos afirmam que o projeto encontra-se em fase de adaptações. Há a busca de novos convênios e a espera da criação de uma comissão interministerial que regulará todos os aspectos, desde a emissão do número até a elaboração do documento, com seus itens de segurança.