O assessor de imprensa da Secretária Estadual da Saúde, Paulo Burd, palestrou nesta terça-feira, 24, sobre os desafios enfrentados na divulgação de noticias relacionada à gripe A H1N1, gripe suína, no surto deste inverno. Como porta-voz de comunicação do Secretário da Saúde, Osmar Terra, Burd revelou aos estudantes de jornalismo da cadeira de Assessoria de Imprensa da Famecos a importância da organização e transparência nas informações para a gestão de crise.
O desconhecimento dos efeitos do vírus H1N1 e a possibilidade de mutação do mesmo tornou a gripe suína manchete diária na imprensa. O número de casos no Rio Grande do Sul alarmou com 201 mortes, mesmo que o valor não ultrapassasse os 687 óbitos por gripe convencional no mesmo período de julho do ano passado.
A primeira medida do assessor na crise foi escolher três pessoas do órgão da saúde para centralizar o discurso sobre o caso: Francisco Paz, diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, e dois epidemiologistas foram entrevistados pelos veículos de comunicação. Estruturalmente, uma mesa em forma de “U” para coletivas semanais foi montadas na secretaria. Erros de gestão no começo do surto, como agendar coletivas às 10 horas da manhã, em sábados ou em locais variados, dificultaram a comunicação: “O jornalista nunca lê o release até o final, é preciso ser objetivo para alcançar resultados com a mídia”.
Boletins diários foram preparados para rádio e tv. Os veículos reclamavam da morosidade de divulgação das informações, geralmente disponíveis no final da tarde. O assessor comenta que a estrutura da secretaria não facilitou a coleta de dados. Dividido em 19 coordenadorias regionais (CRS), a informação passa por diversos tramites até a centralização na sede
Muitas vezes, os próprios médicos denunciavam à imprensa a falta de material de higiene nos postos de atendimento e os riscos de epidemia por má qualificação. Burd afirma que as reclamações ajudaram a solucionar os problemas e nada pode ser “abafado” pela assessoria: “Faz parte do jogo o contraditório, assim tomamos medidas para melhorar as condições de trabalho de todos. O importante é jogar limpo com a imprensa e estar disponível”.
Atualmente, com a possibilidade da segunda crise, a Saúde reúne-se mensalmente com pessoas que possam ajudar a gerir o surto iminente. Diretores de hospitais, o Conselho de Medicina além de uma assessoria jurídica, trabalham em conjunto para elaborar ações preventivas. Seis milhões de doses de Tamiflu, remédio utilizado para combater o H1N1, serão utilizados.
A gripe suína reforçou ao assessor a importância da informação apurada. Para os jornalistas, ele aconselha nunca deixar de entender o contexto da matéria, no caso da saúde, visitando sites como da Organização Mudial da Saúde (OMS) Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), antes de jorrar informações que comprometem vidas humanas. Burd sintetiza a relação do jornalista com o assessor com uma metáfora que deixa claro a diferença entre fornecer e exigir informação: “Uma coisa é tomar o chopp no bar, outra é servir o chopp. É importante respeitar quem fica atrás do balcão”. O profissional da comunicação organizacional precisa ter claro o que a etimologia da sua nomenclatura expressa, o assessor é de imprensa e não da imprensa.
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