sábado, 23 de janeiro de 2010

Pucrs abraça produção de bicombustível

O projeto Social Eco-Óleo, iniciativa dos mestrandos de química da Pucrs (PET-Quimica) com o Centro Social Marista (Cesmar) e a prefeitura de Porto Alegre, trabalha na transformação de óleo de cozinha em biodiesel, combustível renovável derivado de óleos vegetais, e está em fase de implementação. Uma mini-usina com capacidade de 800 litros de produção diária foi instalada no bairro Mario Quintana, gerando renda e inclusão a comunidade da vila Timbaúva. A iniciativa busca abranger toda a sociedade e beneficiar não somente o meio ambiente como também promover solidariedade e conscientização.

Durante entrevista coletiva para a cadeira de jornalismo especializado da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da Pucrs, Ronaldo Silvestre da Costa, coordenador e mentor do projeto, exemplificou os desafios e abrangências do investimento. Idealizado desde 2008 com a elaboração de uma monografia para a faculdade de química, o projeto ficou em fase experimentação em laboratório por seis meses até a parceria com a RSBIO, empresa que disponibilizou o espaço físico para o processamento. “Não estamos só transformando o produto, mas sim criando uma rede de educação ambiental”, diz o pesquisador. O consumidor final é a Secretaria de Meio Ambiente (SMAM), que utilizará o combustível renovável na sua frota de veículos.

O óleo proveniente das frituras é recolhido em postos de coletas da universidade, escolas e restaurantes e utilizado na produção do biodiesel. Cada litro do produto doado por moradores da vila é trocado por uma moeda solidária, espécime que da direito a adquirir matérias de limpeza e produtos. Através de um processo chamado de transesterifiação, as moléculas de carbono são separadas em glicerol e glicerina, a primeira fonte de energia e a segunda matéria prima do sabão. Por lei,2% desses glicerol processado já são adicionados ao diesel em postos de gasolina – chamado de B2- e até 2013, estima-se que por lei 5% precisarão ser complementados. Entretanto, a indústria do Cesmar não tem fins comerciais.

A reutilização dessas oleaginosas industriais gera um benefício aos mananciais. Estima-se que cada litro de óleo despejado nos rios polui 1000 litros de água. As tubulações da esgoto também são prejudicadas drasticamente com o derrame do resíduo, causando entupimento e corrosão dos canos. O resíduo da fritura, a camada preta que sobra no cozimento dos alimentos, pode ser usado como adubo e ração animal, como ensinam os participantes do Eco-Óleo.

A faculdade de Farmácia da Pucrs investe na reformulação da glicerina- parte do composto não utilizado no combustível – para a produção de sabão e sabonetes. Se toda a universidade contribuir com o projeto, mais de 16 mil litros mensais de combustível serão produzidos.

Plano Real completa 15 anos com moeda estável

Nenhum país consegue encontrar espaço significativo na macroeconômica sem ter uma moeda forte para transações. A inflação corrói o Estado e impede investimentos. Uma população com o dinheiro confiscado não financia a sociedade. Todas essas máximas econômicas foram amplamente debatidas e geraram o plano Real em 1994. Atualmente, a moeda se depara com novos desafios, como desvalorização cambial e uma possível fusão com o Mercosul.

O sociólogo Fernando Henrique Cardoso em 1993, então ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, encaminhou à presidência estudos realizados pela PUC do Rio de Janeiro visando mudanças no setor público, privado e monetário. Tal ato lhe rendeu o mandato de chefe de estado nas eleições seguintes além de significativo crescimento econômico no país. “Não existe nenhum movimento na economia que não seja norteado pela política”, afirma a historiadora Maria José Barreras. De acordo com a mesma, isso não significa que desmereça os atos. Afinal, as medidas provisórias 434- 457 que propiciaram a transição do URV -mecanismo para uniformização de preços e contratos- para o Real foram bem sucedidas.

Quando existe muita inflação, o poder de compra cai. O empresário não consegue investir, a família não retém dinheiro e as contas governamentais ficam fora do controle. No momento em que o plano foi encaminhado, a inflação baixou de 47%, em maio de 1994 para 6,8% no mês em julho ( DE QUE ANO?), de acordo com dados do IBGE. Ela ficou ao longo do mesmo ano (QUE ANO?) no patamar de 3% e prevê-se o fechamento de 4,5% no ano de 2009.

O Real deve enfrentar um novo cenário com o crescimento dos países emergentes. Há uma expectativa que em 2050 o Yuan, moeda chinesa, seja a moeda de troca internacional. O deslocamento do consumo e DA produção para os PAÍSES DO BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China) revigora as transações dos emergentes dependentes do dólar. “Os países europeus ainda não aceitam o Real, talvez esse preconceito ainda precise seja quebrado com o crescimento”, afirma Alfredo Meneguetti, economista da economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE).

O pacote de medidas monetárias controlou a hiperinflação brasileira dos anos 90 e mantém-se em vigor após três governos

O Mercosul caminha para uma união completa, inclusive monetária . Entretanto, os entraves culturais, estruturais e políticos dos países membros ainda o restringem a uma união aduaneira. “A União Européia só conseguiu a moeda única após 50 anos, o Mercosul nasceu em 19 91 e ainda tem muito a aprender”, diz o economista Meneguetti. O Brasil já faz trocas com a Argentina nas moedas locais satisfatoriamente.

Crescimento que não traduz desenvolvimento. Apesar da austeridade fiscal, desindexação e do controle monetário serem aplicados com o plano, a distribuição de renda no país não condiz aos avanços do poder do Real. A acumulação de capital nos fundo particular, os altos juros gerados por financiamentos internacionais além das medidas assistencialistas à pobreza, impediram o país de conceber um plano – realmente - estruturante.

Gripe suína ensina a gerenciar crise

O assessor de imprensa da Secretária Estadual da Saúde, Paulo Burd, palestrou nesta terça-feira, 24, sobre os desafios enfrentados na divulgação de noticias relacionada à gripe A H1N1, gripe suína, no surto deste inverno. Como porta-voz de comunicação do Secretário da Saúde, Osmar Terra, Burd revelou aos estudantes de jornalismo da cadeira de Assessoria de Imprensa da Famecos a importância da organização e transparência nas informações para a gestão de crise.

O desconhecimento dos efeitos do vírus H1N1 e a possibilidade de mutação do mesmo tornou a gripe suína manchete diária na imprensa. O número de casos no Rio Grande do Sul alarmou com 201 mortes, mesmo que o valor não ultrapassasse os 687 óbitos por gripe convencional no mesmo período de julho do ano passado.

A primeira medida do assessor na crise foi escolher três pessoas do órgão da saúde para centralizar o discurso sobre o caso: Francisco Paz, diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, e dois epidemiologistas foram entrevistados pelos veículos de comunicação. Estruturalmente, uma mesa em forma de “U” para coletivas semanais foi montadas na secretaria. Erros de gestão no começo do surto, como agendar coletivas às 10 horas da manhã, em sábados ou em locais variados, dificultaram a comunicação: “O jornalista nunca lê o release até o final, é preciso ser objetivo para alcançar resultados com a mídia”.

Boletins diários foram preparados para rádio e tv. Os veículos reclamavam da morosidade de divulgação das informações, geralmente disponíveis no final da tarde. O assessor comenta que a estrutura da secretaria não facilitou a coleta de dados. Dividido em 19 coordenadorias regionais (CRS), a informação passa por diversos tramites até a centralização na sede em Porto Alegre. “Nessa hora, o sangue frio, boa equipe de apoio e o acesso às fontes internas são essenciais”, ressalta.

Muitas vezes, os próprios médicos denunciavam à imprensa a falta de material de higiene nos postos de atendimento e os riscos de epidemia por má qualificação. Burd afirma que as reclamações ajudaram a solucionar os problemas e nada pode ser “abafado” pela assessoria: “Faz parte do jogo o contraditório, assim tomamos medidas para melhorar as condições de trabalho de todos. O importante é jogar limpo com a imprensa e estar disponível”.

Atualmente, com a possibilidade da segunda crise, a Saúde reúne-se mensalmente com pessoas que possam ajudar a gerir o surto iminente. Diretores de hospitais, o Conselho de Medicina além de uma assessoria jurídica, trabalham em conjunto para elaborar ações preventivas. Seis milhões de doses de Tamiflu, remédio utilizado para combater o H1N1, serão utilizados.

A gripe suína reforçou ao assessor a importância da informação apurada. Para os jornalistas, ele aconselha nunca deixar de entender o contexto da matéria, no caso da saúde, visitando sites como da Organização Mudial da Saúde (OMS) Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), antes de jorrar informações que comprometem vidas humanas. Burd sintetiza a relação do jornalista com o assessor com uma metáfora que deixa claro a diferença entre fornecer e exigir informação: “Uma coisa é tomar o chopp no bar, outra é servir o chopp. É importante respeitar quem fica atrás do balcão”. O profissional da comunicação organizacional precisa ter claro o que a etimologia da sua nomenclatura expressa, o assessor é de imprensa e não da imprensa.

Assessoria de Imprensa é desmistificada com visita de profissionais

Compromisso com a verdade e contextualização. Lemas proferidos pelas assessoras de imprensa Cátia Bandeira, Patrícia Comunello e Gládis Berlato durante a aula-exposição da terça-feira, 25, na cadeira de Assessoria de Imprensa da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS.

Com o intuito de aproximar os alunos dos valores e desafios diários de um profissional da área, as convidadas contaram experiências e esclareceram dúvidas sobre a atividade. “O trabalho de assessor não se distingue das características que fundamentam o jornalista de redação”, ressalta Gladis Berlato. Ela afirma a necessidade de estar bem informado e entender a conjuntura que abrange a informação para torná-la notícia. Gladis tem 30 anos de mercado e possui seu próprio9 negócio - Froes & Berlato Associados - que atende clientes empresariais em âmbito nacional e internacional.

Cátia Bandeira, proprietária da BH Comunicações, relata ter passado 15 anos em redação de jornal, e com isso, aprendido a respeitar e entender a demanda do seu público alvo como assessora: “O jornalista tem tempo para o fechamento do jornal, interesses específicos e quer tudo com agilidade e facilidade. É preciso tratá-lo como gostaríamos de ser tratados”.

A epidemia do vírus H1N1 foi um laboratório reverso de assessoria de imprensa. Patrícia Comunello é assessora do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers). Ela defende que, ao gerenciar uma crise, deve-se escolher não só o momento, mas também a informação cabível para a divulgação do fato. “Passamos meses divulgando a necessidade de equipar os hospitais, mobilizando a imprensa para a necessidade de preparação, mas só foi noticiado o desastre quando consumado”. O assessor deve zelar pela imagem do seu produto e prever conseqüências.

Cada vez mais é preciso entender que não há restrições nas tarefas do profissional de comunicação. Quem tem sensibilidade e humildade, consegue fazer um bom trabalho. “Não é vergonha nenhuma servir cafezinho, é uma gentileza”, diz Cátia. Afinal, Tão difícil quanto prospectar os clientes é mantê-los.

Literatura viva na Feira do Livro 2009

Chapeuzinho vermelho confessou preferir ser devorada pelo lobo a ser confinada às páginas da fábula. Durante as duas semanas da 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, o público pode assistir as emoções das histórias através de 46 peças encenadas. As obras, majoritariamente infanto-juvenis, mantiveram os quatro armazéns do Cais do Porto lotados diariamente.

Apesar de o evento ocorrer em outubro, a parceria com as companhias de teatro começa em janeiro . O objetivo é mostrar para os gaúchos o cenário cultural da cidade em um espaço centralizado e de fácil acesso. Para citar algumas, Ameixa Fúscia Companhia Teatral, Companhia Espectral de Teatro e Companhia Alarde de Teatro participaram da feira relendo textos literários além de popularizar as peças autorais. O diretor da Oigalê Cooperativa de Atores, Hamilton Leite, apresentou a peça “Era uma vez uma fábula assombrosa”. O texto de Claudius Ceccon convida a pensar se queremos o progresso cheio de poluição e sujeira da atualidade. A plateia reflete sobre o tema com a ajuda de muita fumaça proveniente de combustão de óleos durante as cenas.Todos os sons do espetáculo são feitos ao vivo de acordo com a sensação do público, uma mistura da interatividade dos instrumentos com o canto e grito da platéia. O teatro é um mundo de sensações”, afirma Hamilton, há 10 anos na Oigalê. A montagem continua em cartaz durante o ano no Teatro de Arena.

. A coordenadora do Teatro Sancho Pança, espaço montado para receber peças voltadas à grupos escolares no Armazém B do Cais do Porto, Isabel Queiroz, explica que para assistir ao evento, as instituições de ensino devem se inscrever em março. “O importante de linkar o teatro com a literatura é mostrar às crianças, de uma forma lúdica, como a história pode se transformar e como elas também podem contar histórias”, acredita Isabel. Para ela, todas as formas de expressão são pontes para que os jovens continuem buscando a leitura.

Os holofotes da feira não foram exclusivos dos atores. O projeto Autor no Palco trouxe 17 escritores e ilustradores para o contato com estudantes. As escolas trabalharam as obras dos homenageados até a data do encontro, quando é aberto o espaço para debate. O patrono, Carlos Urbim, participou da sabatina e frisou que dar assas a imaginação independe da plataforma: “Saber contar uma boa história é o que importa. Eu quero contar que sai minhoquinhas de geléia dos buraquinhos da bolacha Maria e ver todo mundo rindo!”

Projeto de identificação civil única não sai por conflito de poder

O Registro de Identidade Único (RIC), projeto que visa reunir identidade, CPF, título de eleitor e outros documentos do cidadão sob um único número, foi decretado como lei há 12 anos, mas não tem previsão de implementação. A Polícia Federal e os Institutos de Identificação não entraram em comum acordo sobre qual órgão se responsabilizará pela armazenagem do banco de dados e a emissão do documento.

A Polícia Federal divulgou que o ano de 2009 seria piloto para a emissão de um cartão eletrônico com chip contendo todas as informações dos brasileiros. Vinte milhões de pessoas seriam englobadas anualmente pelo programa. O registro se daria através de um sistema biométrico avançado onde, inicialmente, seriam cadastrados todos os documentos do indivíduo. O RIC seria suficiente para o fornecimento de informações às instituições públicas e privadas. A justificativa para o investimento em cartões de policarbonato e no sistema integrado digital é a impossibilidade de clonagem e falsidade ideológica. O sistema atual permite que cada cidadão retire uma carteira de identidade em cada uma das unidades da federação com números diferentes e válidos. Além dessa problemática, alguns estados não possuem banco de dados biométrico e não realizam a pesquisa das impressões digitais para verificar se o indivíduo já possui registro.

Legalmente, o projeto aguarda aprovação da minuta do Decreto que se encontra no Gabinete da Casa Civil, o qual visa regulamentar a Lei 9454/97 e institui o número RIC. Porém, como explica o assessor de imprensa do Instituto Nacional de Identificação da Polícia Federal de Brasília, Marcos Elias, o projeto já tem caminhado com para diversos convênios com outros órgãos: “O nosso principal parceiro é o TSE que tem previsão de recadastrar todo o eleitorado, cerca de 130 milhões, até 2014. No ano passado foram recadastrados 42 mil eleitores, como piloto, e nesse ano há previsão de 4 milhões.”

O presidente da Associação Nacional de Diretores de Institutos de Identificação (Andi), Luis Oliveira, diretor do Instituto Geral de Perícias da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, afirma que não houve uma consulta com os institutos, por parte da Polícia Federal, e que o projeto atual é precipitado e tira a autonomia dos estados. Para ele, estes viram meros espelhos de um banco de dados de Brasília. “Nós propomos um novo projeto que interligue as capitais é não que vá contra a lógica das peculiaridades de cada um. Precisamos que nossas necessidades técnicas sejam amparadas”, afirma ao dizer da disparidade dos sistemas estaduais. Oliveira frisa que o Rio Grande do Sul já possui um sistema eficiente de identificação digital: “A cédula de papel tem um custo de dois reais para fabricação, o cartão vale 12 dólares, são coisas que não cabem no bolso do contribuinte.” O custo real de um cartão com certificação eletrônica estaria em torno de R$150,00.

Os órgãos afirmam que o projeto encontra-se em fase de adaptações. Há a busca de novos convênios e a espera da criação de uma comissão interministerial que regulará todos os aspectos, desde a emissão do número até a elaboração do documento, com seus itens de segurança.