Marcos Martinelli em entrevista coletiva enfatiza a aposta do jornalismo como chave da credibilidade da Record News
“Rbs é uma concorrência qualquer. O avô do Maurício Sirotsky era um judeu pobre que andava de carona com o meu avô, um alemão rico”. A rixa é clara, mas Marcos Martinelli demonstra que não tem medo de inovar para alcançar seu lugar ao sol. Formado em Direito, um bonito diploma que nunca saiu da gaveta, Martinelli escolheu o jornalismo por sobrevivência. Mais velho de quatro irmãos e filho de mãe solteira, foi de estafeta de uma rádio de Passo Fundo à manda-chuva na emissora que está ameaçando a hegemonia televisiva global. “Quem sabe, passa na peneira” fala com orgulho.
A emissora de Edir Macedo anda incomodando a Globo ao comprar a finada Rede Mulher e a substituir pela Record News. No Rio Grande do Sul, a filial foi estabelecida na Rede Guaíba e Marcos Martinelli reformulou o espaço com uma redação integrada, contratou profissionais de confiança e assumiu o discurso da personalização da informação. “Queremos ouvir os sotaques, ver a cara das pessoas da região” diz Martinelli. Indagado se isso seria apenas mais uma jogada de marketing , ele responde “Marketing em uma semana o programa morre, o regionalismo é a busca de um nicho’’ A proposta é um ato ousado que visa a democratização informação. Canais somente de notícias eram exclusividade da televisão a cabo brasileira. E canal a cabo é majoritariamente da elite. “O que é informação? É dar oportunidade escolha, das pessoas se pautarem, pensar, comprar melhor, fugir de um terremoto!’ exalta o entrevistado.
Quando questionado sobre a legalidade de ter mais de uma emissora ter mais de um canal na rede aberta, Maritinelli foi ríspido “ A RBS têm a Tv Rural, Tvcom e a RBS TV. Alguém alguma vez se queixou da legalidade destas? Ora, isso é jogo de interesses!”
O formato do jornalismo da Record muito se assemelha ao do jornalismo da sua principal concorrente. Assim como muitos profissionais que trabalham na emissora eram do veículo Globo. Sobre o assunto, Martinelli é categórico “Televisão não nasceu com a Globo e o PT não foi o primeiro partido no mundo” CBS, NBC e o próprio noticiário da BBC usam o mesmo formato de noticiário, a Record apenas adaptou um modelo padrão. Os profissionais foram contratados da emissora concorrente por terem eficiência, qualificação. “ É claro que vamos chamar gente da Globo, além do grande número, o processo de seleção deles é apuradíssimo. Quem tá na Globo é bom, mesmo que não esteja no lugar certo” admite.
Mesmo com um Jornalismo sem Ana Paula padrão ou Boris Casoy a audiência mantém-se estável. Na emissora trabalham profissionais, e não estrelas. Por isso a grande aposta na credibilidade, veiculada a qualidade da notícia e não na cruzada de pernas da entrevistadora.
Martinelli faz a analogia que Record funciona como a fé de um evangélico.
Quem vai ao culto da igreja, vai independente de quem é o pastor. Quem assiste a Record, acredita no que lá veiculado.
A emissora, apesar de pertencer ao bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, mantém um jornalismo desvinculado da religião. Questionado se acaso a emissora muda-se de postura e viesse a comprometer o jornalismo com as ideologias da igreja, Martinelli confessa “ Na teoria, não. Sou a favor do jornalismo democrático. Mas tenho a pensão da minha filha para sustentar’’
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