A expressão coloquial não é à toa. Os jovens participam em peso nas eleições municipais de 2008. Candidatos e eleitores mudam a imagem da política e constroem novas maneiras de participação nas questões públicas.
As eleições municipais de 2008 trazem, literalmente, muitas novidades. A participação maciça de candidatos jovens marca as campanhas. Atrás das urnas, no Estado do Rio Grande do Sul, o crescimento do eleitorado composto por menores- 30 mil a mais do que nas eleições de 2006, totalizando 165.593- também é significativo. Há dados que apontam 200 mil jovens votantes entre 16-29 anos.
Lauro Hauffmann, ex-locutor do repórter Esso, acredita que "a juventude está construindo o seu futuro, e nós temos que respeitar isso". Essa participação jovem não deriva de um só fator, mas de toda uma conjuntura. A política tradicional sofre através das crises, da corrupção e das questões relacionadas com a falta de ética. De acordo com o sociólogo Adão Clóvis, existe um processo natural de decomposição das instituições. "Ali tu tens um estereótipo, do político de terno e gravata, da mulher de tailleur. Quando a política tradicional sofre essa erosão, não só a política é afetada; são as frases, o léxico e a maneira de vestir" afirma o sociólogo. Em conseqüência disto, a forma como os candidatos se apresentam muda. A busca da renovação não se restringe às novas idéias de governança, mas ao apelo físico de mudança, que é a imagem do jovem.
José A. Bueno, 21 anos, é candidato a vereador. "Decidi me filiar ao partido após as primeiras denúncias do famoso caso do mensalão. Fiquei extremamente revoltado com o que aconteceu", relata. Adão Clóvis explica que num momento de crise os jovens têm a participação mais evidente. Eles representam a população que não pode parar a rotina cotidiana para reivindicar e usam o potencial de contestador e revolucionário para se expressar.
A nova geração não tem o costume de sair em greves, mas nem por isso sua participação política é inexpressiva. Diego Hamester, 18 anos, diretor da União de Secundaristas das Escolas Públicas e integrante do Comitê da Juventude de Estudantes do Julinho explica: "A juventude se expressa de outras formas. Não saímos nas ruas mas nos manifestamos de outras maneiras. Uma intervenção a partir da cultura e dos esportes".
As tribos jovens existem - emos, os que cultuam o hip hop, entre outros grupos expressivos- e têm suas próprias políticas e objeções. O trabalho dos candidatos que buscam cativar os jovens é politizá-los para mostrar as suas reivindicações à sociedade. "O jovem que vem do nosso meio e se interessa por política faz o direcionamento específico pra galera", afirma Diego.
Gisele Borges, 24 anos, candidata a vereadora, considera que "a juventude tem uma linguagem própria, nós aproveitamos desse jeito diferenciado para passar as nossas idéias. De forma leve e com a cara da juventude. Utilizamos de identidade visual e de materiais dinâmicos que representam essa linguagem". A candidata disponibiliza em sua página pessoal na internet bonequinhas virtuais dela mesma e oferece a todos a possibilidade de adicioná-la no MSN, programa de troca de mensagens instantâneas via Internet.
Muito do que o jovem sabe sobre política se dá através do mundo virtual. Acreditam que o meio, mais interativo, facilita a pesquisa de informações dos candidatos e proporciona maior credibilidade. Otto Herok, 27 anos, estudante de jornalismo, não vê o horário político. "Eu não assisto porque neste espaço você não consegue captar as propostas concretas que um político pode te oferecer. Acho que têm que procurar outras fontes; a imprensa, blogs especializados."
Veja a seguir a opinião de outros jovens sobre o horário eleitoral
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
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