quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Diploma de Jornalismo é tema de audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado

Uma audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul discutiu na terça-feira, 16 de setembro, a desregulamentação da profissão do jornalista. Estiveram presentes representantes do sindicato dos jornalistas, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), das faculdades de comunicação, dos estudantes, além de deputados. As proposições expostas vão compor um documento que será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestando a posição de defesa da obrigatoriedade do diploma.


Às 9h30, o plenarinho da Assembléia Legislativa se tornou palco de uma discussão muito conhecida por parte dos jornalistas: a necessidade da formação acadêmica. Estiveram presentes na mesa de debates o vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Celso Augusto Schröder, o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) Antônio Hohlfeldt, o diretor do Departamento de Ensino da ARI e do Departamento de Comunicação da UFRGS, Mario Rocha, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS, José Maria Rodrigues Nunes, o presidente da CUT/RS, Celso Woyciechowski, além dos deputados Frederico Antunes e Marisa Formolo.
Desde a regulamentação como profissão, em 1969, há divergências a respeito da validade da exigência de diploma para exercer a profissão. Celso Schröder, vice-presidente da Fenaj, afirma que a discussão começou nos meados dos anos 70, com a empresa jornalística Folha de São Paulo. A organização considerava ilegítimo o diploma por uma questão puramente financeira, conforme Schröder: "Pretendendo baixar os custos da sua folha de pagamento, a Folha começa pregar a desregulamentação da profissão." Antonio Hohlfeldt afirma que a crescente divulgação na mídia dos problemas entre os políticos pode pesar na avaliação do caso do Supremo Tribunal Federal: “O que tem incomodado muito a eles é a denuncia das corrupções nos Poderes, sobretudo no Judiciário”. Gilmar Mendes, presidente do STF, mantém o julgamento do recurso na gaveta e disse que vai avaliar pessoalmente o caso.
Schröder complementa que quem ganha com a perda do diploma são as corporações. "Os donos dos jornais decidirão quem é jornalista. Escolherão de acordo com o preço e os seus interesses particulares", prevê. O diretor do Departamento de Ensino da ARI e da UFRGS, Mario Rocha, ressalta que "fazer jornalismo não é participar de um negócio da comunicação" e a deputada e diretora da Comissão, Marisa Formolo, reforça que "aceitar a desentitucionalização é aceitar a mercantilização da profissão".
A maioria dos parlamentares presentes demonstrou desconhecimento da causa até o presente instante. Entretanto, após o debate, a conscientização da relevância da formação foi unânime. O deputado Frederico Antunes apoiou a causa e sugeriu uma maior divulgação para o entendimento de todos. "Se o senhor não se apropriou da causa, imagine a sociedade como um todo!", reclamo uma jornalista da platéia.
A única que expôs idéias a favor da desregulamentação foi a presidente da Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (Enecos), Marília Cancelli. Ela afirmou que a obrigatoriedade não assegura melhores salários ou formação ética. Apesar de não concordar com a maioria, Cancelli solicitou que "que seja pautado no documento a qualidade de ensino, a ética e responsabilidade profissional". O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, José Maria Nunes, rebateu Marília afirmando que, no fundo, ela também era a favor do diploma, afinal “não é somente uma defesa coorporativa da profissão, mas da qualificação”.
A audiência termina já com propostas de novos encontros. Mario Rocha sugeriu uma reunião sobre o mesmo tema na ARI, com a participação dos estudantes, e o deputado Frederico Antunes sugeriu que a Assembléia Legislativa promovesse uma audiência para discutir as concessões na comunicação e os poderes cruzados, que, na sua visão, revelam os reais conflitos de poder nas comunicações.

Matéria publicada na CYBERFAM

Ferramenta traz a Bolsa de Valores para o seu computador

Nada de gritos, bagunça e telefones tocando descontroladamente. Corretoras lançam no mercado a ferramenta de investimento em ações Home Broker. Agora, as pessoas podem comprar títulos da Bovespa em casa, através do próprio computador.
O nome pode não ser fácil, mas o sistema, sim. Home Broker - em inglês, "investidor doméstico" - atualmente é uma das ferramentas mais práticas para o serviço de compra e venda de ações (títulos) e opções (ações em aberto) na Bovespa. No sistema tradicional, o investidor compra as ações e um corretor monitora o desempenho delas através de uma agência de corretagem. Todas as ordens de investimentos têm de ser mediadas pelo funcionário da empresa financeira. Através do Home Broker, o próprio investidor adquire, compra e monitora as ações.
O programa é disponibilizado pelas corretoras nas suas páginas virtuais. Ele possibilita a visualização do pregão e acompanha o desempenho das ordens ao vivo. Os mesmos websites demonstram como fazer as principais operações do programa em vídeos explicativos. Atualmente, 30% dos investidores brasileiros usam essa ferramenta.
Clique aqui para ver o sistema utilizado pela Ágora, precursora no Brasil
Fábio Silva, 24 anos, é estudante de administração e decidiu investir através do sistema Home Broker pela praticidade. "A Bolsa tá subindo, tá descendo, e eu posso estar com meu notebook aqui, no trabalho, na praia e monitorando o que tá acontecendo", diz o estudante. Ele investe em ações pois busca uma renda extra, residual, que independe do trabalho. Fábio começou a aplicar através do sistema tradicional e, depois, conforme adquiriu confiança e conhecimento sobre os fluxos da Bolsa de Valores, partiu para o sistema Home Broker.
Apesar do perfil médio do investidor que usa o Home Broker ser de alguém com uma noção prática do mercado, com certa experiência, Alfredo Meneghetti, economista da Fundação de Economia e Estatística, afirma que não há necessidade de conhecimento prévio. "Vai se aprendendo aos poucos", diz Meneghetti. Esse medo de investir faz com que, no Brasil, somente 1% das pessoas físicas atuem na Bolsa, aproximadamente 170 mil. Nos Estados Unidos, mais da metade da população investe em ações. Para os mais inseguros, há diversos cursos que assessoram o investimento, como os da XP investimentos. Além de literatura: três exemplos de livros são "Aprenda a Investir em Ações" e "A Operação na Bolsa via Internet", de Carlos Brum (Editora Ciência Moderna), e o best-seller "Pai Rico Pai Pobre", de Robert Kiyosaki (Editora Campus).
O programa é disponibilizado pela maioria das corretoras, mas não todas. É necessário consultar o site da Bovespa, que contém a lista das Home Broker disponíveis, ter uma conta no banco e, com até R$ 3 mil, começar a montar a sua cartela de investimentos. O valor do serviço de Home Broker varia por corretora, mas geralmente são cobradas apenas as tarifas por transações na Bolsa, e não o uso do software.
O economista Meneghetti afirma que "ou você entende que as empresas podem ajudar o teu futuro, ou você fica refém de banco. Isso quer dizer que você vai botar dinheiro na caderneta de poupança e eles vão te render míseros 0.7, 0.6% de lucro ao ano". Fica a dica da importância de se informar sobre o mercado acionário.

Matéria publicada na CYBERFAM

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

E aí, tá ligado nas Eleições?

A expressão coloquial não é à toa. Os jovens participam em peso nas eleições municipais de 2008. Candidatos e eleitores mudam a imagem da política e constroem novas maneiras de participação nas questões públicas.

As eleições municipais de 2008 trazem, literalmente, muitas novidades. A participação maciça de candidatos jovens marca as campanhas. Atrás das urnas, no Estado do Rio Grande do Sul, o crescimento do eleitorado composto por menores- 30 mil a mais do que nas eleições de 2006, totalizando 165.593- também é significativo. Há dados que apontam 200 mil jovens votantes entre 16-29 anos.
Lauro Hauffmann, ex-locutor do repórter Esso, acredita que "a juventude está construindo o seu futuro, e nós temos que respeitar isso". Essa participação jovem não deriva de um só fator, mas de toda uma conjuntura. A política tradicional sofre através das crises, da corrupção e das questões relacionadas com a falta de ética. De acordo com o sociólogo Adão Clóvis, existe um processo natural de decomposição das instituições. "Ali tu tens um estereótipo, do político de terno e gravata, da mulher de tailleur. Quando a política tradicional sofre essa erosão, não só a política é afetada; são as frases, o léxico e a maneira de vestir" afirma o sociólogo. Em conseqüência disto, a forma como os candidatos se apresentam muda. A busca da renovação não se restringe às novas idéias de governança, mas ao apelo físico de mudança, que é a imagem do jovem.
José A. Bueno, 21 anos, é candidato a vereador. "Decidi me filiar ao partido após as primeiras denúncias do famoso caso do mensalão. Fiquei extremamente revoltado com o que aconteceu", relata. Adão Clóvis explica que num momento de crise os jovens têm a participação mais evidente. Eles representam a população que não pode parar a rotina cotidiana para reivindicar e usam o potencial de contestador e revolucionário para se expressar.
A nova geração não tem o costume de sair em greves, mas nem por isso sua participação política é inexpressiva. Diego Hamester, 18 anos, diretor da União de Secundaristas das Escolas Públicas e integrante do Comitê da Juventude de Estudantes do Julinho explica: "A juventude se expressa de outras formas. Não saímos nas ruas mas nos manifestamos de outras maneiras. Uma intervenção a partir da cultura e dos esportes".
As tribos jovens existem - emos, os que cultuam o hip hop, entre outros grupos expressivos- e têm suas próprias políticas e objeções. O trabalho dos candidatos que buscam cativar os jovens é politizá-los para mostrar as suas reivindicações à sociedade. "O jovem que vem do nosso meio e se interessa por política faz o direcionamento específico pra galera", afirma Diego.
Gisele Borges, 24 anos, candidata a vereadora, considera que "a juventude tem uma linguagem própria, nós aproveitamos desse jeito diferenciado para passar as nossas idéias. De forma leve e com a cara da juventude. Utilizamos de identidade visual e de materiais dinâmicos que representam essa linguagem". A candidata disponibiliza em sua página pessoal na internet bonequinhas virtuais dela mesma e oferece a todos a possibilidade de adicioná-la no MSN, programa de troca de mensagens instantâneas via Internet.
Muito do que o jovem sabe sobre política se dá através do mundo virtual. Acreditam que o meio, mais interativo, facilita a pesquisa de informações dos candidatos e proporciona maior credibilidade. Otto Herok, 27 anos, estudante de jornalismo, não vê o horário político. "Eu não assisto porque neste espaço você não consegue captar as propostas concretas que um político pode te oferecer. Acho que têm que procurar outras fontes; a imprensa, blogs especializados."

Veja a seguir a opinião de outros jovens sobre o horário eleitoral